Não, não é mês das bruxas e nem dia dos Mortos, mas a literatura de mistério e terror é sempre uma boa alternativa para aproveitar o tempo se divertindo – ou morrendo de medo. Por ser começo de ano – em que muita gente está de férias ou com mais tempo para descansar- tomei a liberdade de separar alguns contos de terror do século XIX que, mais de 100 anos depois de sua criação, ainda conseguem deixar quem lê pensando em alguma coisa que está à espreita na hora de dormir.
Particularmente, gosto muito do tema terror porque geralmente envolve contos rápidos, com poucos personagens- para serem lidos em qualquer lugar- e com um enredo que depende especialmente da imaginação do leitor para ficar mesmo aterrorizante. Se o leitor não se incomoda com o que a história sugere, a narrativa se torna comum. Por isso esses contos do século XIX são especiais: passaram por gerações que completaram com os próprios medos a perturbação que o autor da história tentou passar. Prontos? Lá vêm eles!
Essa história faz parte do segundo volume de uma coletânea do escritor francês chamada Os Contos Cruéis (1883), muito influenciada pelo estilo de escrita de Edgar Allan Poe ( também listado aqui). Na história, o rabino Aser Abarbanel é condenado pela Inquisição a se arrepender por seus pecados de avareza contra os pobres e se converter ao catolicismo. Ele espera em sua masmorra quase conformado pela morte que o espera na fogueira. Mas quando enxerga uma fresta na porta de sua cela aberta por acaso, Aser bola um plano para fugir- e é esse plano que desespera o leitor.
O escritor desse já é bastante conhecido por muita gente apaixonada por terror e mistério. Considerado o pai do gênero de ficção policial e marcado por escrever histórias relacionadas com o lado sombrio e sobrenatural dos seres humanos, Poe coloca nesse conto a vida de um príncipe que é punido pela própria hipocrisia. Próspero é um jovem rico, saudável e indiferente que se isola com os amigos nobres em uma abadia depois de perder metade dos habitantes de sua cidade para uma terrível peste. Quando quase todos os moradores estão para morrer,ele dá uma baile de máscaras para os seus convidados isolados, seguro de que nada pode acontecer- já que estariam trancados. No entanto, os planos de Próspero são atrapalhados por um convidado que entra sem que ninguém perceba.
- A selvagem, de Bram Stoker Esse conto do autor de Drácula (1897) assusta não só por conter descrições bastante sádicas dos cenários e acontecimentos, mas também pelo protagonista Elias P. Hutcheson, americano extremamente hipócrita e racista que tem orgulho de fazer carteira com o escalpo de mestiços e se excita falando sobre os índios que matou. Acompanhando um casal de europeus – que percebe que ter uma terceira pessoa babaca na viagem enchendo a paciência serve só para lembrar como é bom viajar a dois- em um passeio por um castelo na cidade de Nuremberg, Hutcheson decide “fazer uma brincadeira”: Jogar uma pedra no fosso do castelo para assustar uma gata preta e seu filhote. A pedra mata o filhote por acidente e a gata, furiosa, é enxotada para longe do americano. Depois de um tempo, os três turistas se distraem com os instrumentos de tortura do castelo e decidem conhecer de perto a Virgem de Ferro, ferramenta mais diabólica do lugar. Enquanto isso, a gata ( com uma origem diferente do que se pensa) aproveita a distração para encontrar a hora certa de se vingar.
7. A janela vedada, de Ambrose Bierce
Somos apresentados à história de Murlock, velho misterioso e carrancudo que vive enfurnado no interior de uma floresta americana, transformado em um mito sombrio pelos moradores de uma vila próxima. Aparentemente, ele é simplesmente um velho ranzinza e antissocial. Mas, conforme a narrativa se desenrola, vamos descobrindo que uma parte pouquíssimo conhecida da vida de Murlock dá à ele um motivo extremamente obscuro para vedar a única janela de sua casa que lhe deixa ter contato com o mundo exterior.
- O poço e o pêndulo, de Edgar Allan Poe
Assim como o número 10 da lista, a história também se passa no ambiente da Inquisição espanhola. Um homem condenado por inquisidores é brutalmente torturado até ser atirado em um calabouço completamente escuro. A partir disso, se inicia o forte incômodo psicológico da trama: o homem não enxerga absolutamente nada dentro de sua cela e consegue apenas tatear um poço extremamente fundo no centro do cômodo. Ao acordar de um sono perturbado, descobre que as luzes foram acesas e que está amarrado em uma cama voltado para um pêndulo que balança ao longe. A sensação de claustrofobia do leitor começa a aumentar quando o homem, depois de achar curioso o fato de um pêndulo estar sobre ele, percebe que na verdade o objeto está se aproximando cada vez mais para o centro de seu peito.
E aí? Gostaram? Se sim, curtam, compartilhem e comentem! Segunda que vem, chega a segunda parte dos contos!